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E se eu desandasse
a narrar, resumidamente, sobre a minha busca pela verdade espiritual, que durou
mais de 40 anos? Ainda que eu descrevesse, o mais resumidamente possível, os
acontecimentos que vivi e presenciei no rosacrucianismo, no esoterismo, na
ufologia, no kardecismo e em outros caminhos que percorri, eu acabaria tendo
que preencher muito mais que apenas meia folha de papel, e, ainda assim, isso
de nada adiantaria, porque um imaginário leitor, ao ler as ainda poucas linhas
do meu escrito, prosseguiria, dizendo: “Tudo bem. Você virou crente, porque,
depois de anos de busca por uma tal verdade, viu e viveu milagres. Mas você
acredita mesmo que, apenas por você estar narrando sobre essas maravilhas
acontecidas com você, eu aceitaria esse seu convite para conhecer o seu Jesus,
dispondo-me a entrar numa igreja evangélica para, em atendimento ao chamado do
pastor, aceitar Jesus Cristo como meu único salvador frente a uma plateia de
estranhos? Ora! Do que você diz sobre essa tais maravilhas, estou careca de
saber e nem preciso entrar em igreja alguma, sequer passar da rua onde moro,
porque, lá mesmo, encontrarei alguns crentes que me narrarão acontecimentos até
mais extraordinários. Eu até poderia entrar numa dessas igrejas, mas apenas
para tentar descobrir o porquê dessa cara alegre dos crentes, que não bebem,
não fumam, não curtem uma noitada numa boate, emendada com um encontro a dois
num motel, e vivem nessa alegria notável. Fora isso, eu nada mais faria. Se
descobrisse a razão dessa euforia, eu poderia ir mais adiante e até mesmo
aceitar o Jesus, só para ver no que isso ia dar. Mas, não descobrindo nada
sobre a tal alegria, eu sairia dali de fininho e voltaria à minha vida normal,
até porque, segundo sei, não careço de salvação alguma”.
Tu, leitor, seja na
tua caixa de correio, seja caminhando pela via pública, ou parado num sinal de
trânsito ao volante do teu carro, já deves ter recebido folhetos, convidando-te
a conhecer Jesus Cristo, folhetos esses que, na esmagadora maioria das vezes,
acabaram na lixeira, porque, de modo parecido, reagiste igual ao imaginado
leitor descrito acima, ou até mesmo por causa de certos aspectos repulsivos
presente em certas denominações que, interpretando a Bíblia de forma
equivocada, inventam teses que, além de não constarem da Bíblia, atentam contra
o bom senso das pessoas, como, por exemplo, a proibição de os fiéis receberem
transfusão de sangue, ou de trabalharem em determinada dia da semana. Visto que
algumas dessas denominações são os que mais se aplicam na distribuição de suas
publicações e folhetos, as pessoas, quando são abordadas para receberem
literatura de natureza religiosa que nada tem ver com essas congregações, podem,
muito provavelmente, acabar recusando literaturas de outras denominações
verdadeiramente cristãs evangélicas. Por conta da confusão que se instala em
suas mente, essas pessoas — maioria, arrisco dizer — rechaçam, de imediato,
qualquer literatura religiosa, como se todas as denominações cristãs adotassem
a mesma filosofia daquelas poucas que adotam dogmas estranhos à Bíblia, como,
por exemplo, a mania de andar prevendo o fim do mundo. Na Escritura Sagrada,
está bem claro que a ninguém é dado saber o dia do retorno de Jesus Cristo; no
entanto, várias denominações já fizeram seguidas previsões sobre isto, e nada
de diferente aconteceu. Ademais, se na Bíblia, que foi escrita sob a inspiração
de Deus, está registrado que muitas coisas que são mistérios aos nossos olhos,
só nos serão reveladas quando estivermos com Ele, configura uma insensatez
querer entender tudo o que lá está.
Repito aqui o que
eu disse no início: não me interessa criticar religiões ou crenças alheias, até
porque não é este o objetivo desta obra, e, tampouco, tem ela a suposta
finalidade de divulgar a denominação a qual pertenço. Aliás, quanto a essa
presumida propaganda, fosse ela um fato, eu estaria cometendo flagrante
contradição, na medida em que todos os evangélicos sabem que igreja, seja ela
qual for, não salva ninguém. Um crente pode comparecer, rigorosamente, a todos
os cultos; ler integralmente a Bíblia trocentas vezes; cantar, entusiasmado, os
hinos e louvores; participar regularmente com contribuição financeira para a
manutenção da sua igreja, mas, se não cumprir com os ensinamentos deixados por
Deus nas exortações do Seu Filho Jesus Cristo, ou nas palavras dos apóstolos
que, inspirados por Ele, saíram pelo mundo para pregar a Sua Palavra, nada
daquelas ações terá valor aos olhos de Deus. É, por conseguinte, completamente
equivocada a imagem que muitos crentes fazem de Deus, vendo-O como um ser
mercantilista, na medida em que, praticando os crentes atos contrários aos Seus
Mandamentos, cogitam que suas afrontas possam ser compensadas nas suas
respectivas assiduidades aos cultos, no valor das suas ofertas financeiras e
nos trabalhos que realiza voluntariamente no templo. O comparecimento aos
cultos e os demais procedimentos cristão relacionados acima constituem ações
úteis sim, na medida que, em praticando-as, o crente, além de estar cumprindo
um dos mandamentos de Deus, que é o de dedicar a Ele um dia da semana (no
geral, os domingos), estará com a sua fé sempre acesa, como uma brasa que se
encontra junto à fogueira e dela não se afasta para não virar carvão; mas de
nada adianta à salvação da sua alma se a sua conduta estiver em desacordo com o
que Deus determina.
Prosseguindo ainda
com a questão relacionada com possíveis melindres, se pretendo dissertar sobre o caminho que percorri até
o ponto aonde cheguei, devo fazê-lo de forma bem clara, mostrando como e porque
cheguei lá; e, se isso me obriga a entrar em considerações sobre condutas
adotadas por essa ou aquela denominação religiosa, condutas que despertaram
repulsa em mim, paciência, porque, conforme já disse e repito, ninguém pode me
impedir de exercitar o meu direito constitucional de livre expressão do
pensamento.
Por conseguinte, tomando por base essa
liberdade constitucional, posso perfeitamente acrescentar, à minha opinião, a
seguinte conclusão de natureza preventiva: quando alguém lhe oferecer um
panfleto ou propaganda religiosa, basta formular essas perguntas...
— Essa igreja a
qual você pertence é contra a transfusão sanguínea?
— Proíbe os seus
seguidores de trabalharem aos sábados?
— Já fez previsões
sobre o dia do fim do mundo ou da volta de Jesus Cristo?
... e, na resposta,
ele não mentirá, porque configuraria uma consumada contradição ele fazer uso de
mentiras para obter boa receptividade ao seu discurso, quando ele sabe muito
bem que a mentira não combina com Deus.
Ora! Se um convite formulado num pequeno
folheto faz quase nenhum efeito nas pessoas, seja por causa da confusão que
acontece com as propagandas daquelas denominações equivocadas, seja por
qualquer outro motivo, um capítulo — este — explicativo da obra, escrito de
qualquer jeito, também não animaria ninguém a seguir em frente com a leitura. O
escritor então, para motivar o leitor à leitura, precisa elaborar a sua apresentação
de motivos, mas de forma objetiva (de que se trata a obra e o que é que ela
pretende), concisa (abordar sobre os objetivos, evitando rodeios, mas também
sem dar chances a dúvidas) e clara (evitar o preciosismo, que é o uso de
palavreado pouco conhecido). Se, além
destes aspectos, o escritor puder também apresentar algum elemento
surpreendente, as chances de os leitores ficarem presos ao texto aumentam. Foi
por isso que inseri também, neste capítulo, esse item surpreendente, que é o
desafio que faz parte do título do livro, e do qual falarei mais adiante. |
Cap. 2: O PORQUÊ DESTA OBRA — Parte 2 de 4
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